segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Paulo Moura Um Solo Brasileiro

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Paulo Moura, um solo brasileiro

De Halina Grynberg

240 p.

16 x 21 cm

ISBN 978857734190-0

Em homenagem a um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, a Editora Casa da Palavra lança no dia 7 de julho, na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), o livro Paulo Moura, um solo brasileiro. Falecido há exatamente um ano, Paulo Moura deixou uma entrevista inédita, fruto de uma série de conversas com sua esposa, a escritora e psicanalista Halina Grynberg que as compilou com maestria e as transformou nesta obra, que inaugura a primeira ação do recém criado Instituto Paulo Moura, em prol da música instrumental brasileira. O livro acompanha o CD “Fruto Maduro”, produzido por André Sachs, parceiro escolhido pelo próprio Paulo Moura por, assim como ele, ser um obstinado pela excelência, dedicação e improvisação ao utilizar arranjos e estilos variados. O processo para a produção e finalização do CD levou cinco anos.

Durante a elaboração do livro, Halina, que foi casada com o regente, saxofonista, compositor, clarinetista e arranjador de choro, samba e jazz durante 26 anos e também era sua empresária e produtora musical, capta com sensibilidade e precisão o melhor de sua essência.

“Ninguém jamais entrevistou o Paulo com foco em questões difíceis para ele, muito pessoais, como a relação com o pai”, afirma Halina. “Eu me lembro que, às vezes, à noite, quando todo mundo já estava dormindo, ele ficava na sala tocando alguma coisa, ficava por lá meio que estudando, tocando, talvez até escrevendo alguma coisa dele mesmo, tocando baixinho, e eu dormia com aquele som”, relembra o músico.

“Conversar com Paulo Moura é perseguir uma estética do improviso. Nada é como parece ter sido. Paulo é invenção infinda, imensidão criativa que recusa a linearidade”, descreve a autora, que levou pouco mais de um ano e meio pra finalizar a produção do livro, que também conta com texto de apresentação de Luis Fernando Veríssimo.

Paulo tocou com mestres da música brasileira como Ary Barroso, Dalva de Oliveira, Elis Regina, Milton Nascimento e Sergio Mendes. Também acompanhou astros internacionais como Lena Horn, Cab Calloway, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, Cannonball Adderley, Sammy Davis Jr e Marlene Dietrich. Com mais de 40 discos lançados, ele ganhou o Grammy em 2000 por seu disco “Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas”.

Paulo foi criado em uma família de músicos, incluindo o pai e 10 irmãos. Nasceu no dia 15 de julho de 1932 em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, porém radicou-se no Rio de Janeiro durante a adolescência. Tocou em orquestras sinfônicas, além de gafieira e grupos de regional, rodando o Brasil e o mundo com sua arte. Aos nove anos de idade e incentivado pelo pai, Pedro Moura, carpinteiro de profissão e clarinetista nas horas vagas, começou a estudar piano. Aos 13 começou a tocar clarinete. A chegada ao Rio de Janeiro aconteceu quando ele tinha 17 anos, na mesma época em que começou a tocar saxofone e quando, com a família, mudou-se para o bairro Tijuca. Paulo ingressou na Escola Nacional de Música, estudando teoria, harmonia, contraponto, fuga e composição. Também aprendeu o ofício de alfaiate, a pedido do pai.

Mas, o amor e o talento para a música falaram mais alto e, junto com amigos da Tijuca como João Donato, Bebeto Castilho, Pedro Paulo e Everardo Magalhães Castro formou um grupo de jazz influenciado pelo som da Costa Oeste dos Estados Unidos.

“O Paulo fundou um gênero, o “Música Instrumental Brasileira”, com influência do samba e do choro, misturando ritmos africanos, jazz, percussão e ainda passando pela música erudita. Lançou um modelo melódico baseado na improvisação. Daí vem o solo brasileiro junto ao título. Ele realmente foi alguém indefinível”, conclui Halina.

Entre as boas recordações lembradas com bom humor pelo artista de talentos múltiplos, está sua participação pela primeira vez em um concurso de calouros.

“Eu estava estudando a minha clarineta lá em casa, quando fiquei sabendo de um programa de calouros na Rádio Tupi. O vencedor ganharia um par de sapatos (risos). Concorri e ganhei. Fiz um solo de “Lady Be Good” na clarineta. Mas o interessante disso é que, para receber esse sapato, tive que ir lá várias vezes falar com a direção do programa, gastei muito a sola do meu sapato velho, foi complicado eles soltarem esse par de sapatos para mim...”, diverte-se relembrando a história.

Entre as preciosidades também encontradas no livro, tem destaque o ensaio de fotografias do estúdio do músico, ainda intacto como Paulo deixou, com as peças, instrumentos e partituras, eternizados em fotos de Alex Forman.

A última vez que Paulo Moura tocou seu clarinete foi no quarto da Clínica São Vicente, na Gávea, Rio de

Janeiro, onde esteve hospitalizado antes de falecer, em 12 de julho de 2010, aos 77 anos, vítima de um câncer no sistema linfático.

Um dos saxofonistas e clarinetistas mais requisitados no Brasil e no exterior, Paulo Moura foi reconhecido no ano 2000 com o Grammy - o maior prêmio da música mundial, com seu trabalho "Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas”. Em 2009, ele se apresentou na Tunísia e no Equador e lançou o CD AfroBossaNova.

Sobre a autora:

Halina Grynberg nasceu na Polônia e chegou com a família, ao Rio de Janeiro aos sete anos de idade. É psicanalista, escritora, roteirista e consultora de criação e comportamento. Casada durante 26 anos com o clarinetista e saxofinista, compositor e arranjador Paulo Moura (1932 - 2010), Halina lança, em julho pela editora Casa da Palavra com o patrocínio da Natura, o livro Paulo Moura, um solo brasileiro, uma série de entrevistas em tom coloquial, íntimo e profundo, fruto da relação conjugal e profissional de

ambos, onde são revistas histórias e reflexões sobre a carreira e o destino profissional deste que é um dos maiores nomes da música instrumental mundial. A autora nos convida a participar deste encontro.

Durante um ano e meio coletou o material que agora desvela a essência artística e sensível de Paulo Moura. Divagações com relação à família, tradições musicais que o marcaram, inovações estéticas que vanguardeou, reflexões conceituais sobre o seu savoir-faire profissional, e a devoção intensa à arte e ao desejo de criar um solo brasileiro; uma musica instrumental popular brasileira feita da miscigenação do samba, choro, musica erudita e jazz brasileiros - iluminada pela ritmica afrobrasileira que jamais cansou de refinar.

É autora, entre outros títulos, de Mameloshn: memória em carne viva, EdRecord, 2004.

Incluido tb está o CD “Paulo Moura & André Sachs – Fruto Maduro” com 10 músicais inéditas feitas em conjunto com o produtor André Sachs e a direção Ritmica de Laudir de Oliveira.

Músicas do CD inédito, encartado no livro:

1 . Mulatas, etc e tal.. (Paulo Moura)

2. Caravan (Juan Tisol/Duke Ellington) arranjo Paulo Moura

3. Coquetel (André Sachs/Paulo Moura/Benita Michahelles)

4. Chorinho para Mignone (Paulo Moura/André Sachs)

5. Macunaima (Paulo Moura/André Sachs)

6. Andina (André Sachs/Paulo Moura)

7. Trem do Moura (André Sachs/Paulo Moura)

8. Obstinado (André Sachs/Paulo Moura)

9. Mantenha o Groove (André Sachs/Paulo Moura)

10. Chroma 2 (Paulo Moura)

Produzido por André Sachs.

Direção Musical por Paulo Moura.

Direção Ritmica por Laudir de Oliveira


Copyright 2011 André Sachs / Stardust Produções Culturais Ltda.

participações muito especiais de Alex Meirelles, Andrea Ernest Dias, Benita Michahelles, Benjamim Bentes, Bidu Cordeiro, César Conti, Cliff Korman, Daniela Spielmann, Gabriel Grossi, Greg Wilson, Humberto Araujo, Jorge Pescara, José Arimatea, José Carlos "Bigorna", Jovi Joviniano, Lui Coimbra, Luiz Bertoni, Marlon Sette, Nema Antunes, Paulinho Black, Reyson Huguenin, Ricardo "Magoo", Rodrigo Munhoz e Rodrigo Sha

Fotos por Alex Forman.

Foto de Capa Luciana Whitaker.

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